DOCUMENTO 85

SETOR JUVENTUDE

Introdução
(base no documento 85; 193 – 202)

           Recentemente, tem ganhado espaço a discussão sobre a necessidade de criar um Setor Juventude nas dioceses. As motivações são diversas, bem como as reações a favor e contra.
Há pessoas que encaram o Setor como uma solução para todos os problemas com evangelização da juventude na diocese; outras utilizam o Setor como justificativa para reforçar alguns segmentos de juventude e minar a força de outros; outras, ainda, se fecham a qualquer tentativa de discussão sobre o assunto.

           Este texto é fruto de contribuições diversas que chegaram ao Setor Juventude Nacional desde 2006, por motivação da 44ª Assembléia Geral da CNBB que teve como tema central a evangelização da Juventude. Foram muitas as contribuições que surgiram no esforço de clarear  o entendimento e consolidar o Setor Juventude nas Dioceses. A Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, em atenção às solicitações das dioceses, preparou este material para aprofundar o tema no primeiro Encontro Nacional dos Acompanhantes Diocesanos de Jovens, tendo sido, anteriormente, encaminhado para apreciação e reações dos bispos responsáveis pelos jovens nos regionais. Esperamos que este texto seja uma boa notícia para toda a igreja e particularmente, para a igreja jovem!

1 - O que é o Setor Diocesano da Juventude?

Na CNBB, em âmbito nacional, o Setor Juventude é o espaço que articula, convoca e propõe orientações para a Evangelização da Juventude, respeitando o protagonismo juvenil, a diversidade dos carismas, a organização e a espiritualidade para a unidade das forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns à luz do documento 85 “Evangelização da Juventude”, das Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil e Documento de Aparecida.

           Há um bispo da respectiva diocese e um assessor responsável  pelo Setor que, contando com a colaboração de uma equipe colegiada de coordenadores de pastorais e movimentos, respondem pela evangelização da juventude. Na realidade diocesana, o Setor Juventude é um espaço de comunhão e participação para unir e articular todos os segmentos juvenis diocesanos num trabalho conjunto. A missão do Setor, nesse sentido, é favorecer a integração e o diálogo, além de propor algumas diretrizes comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil.

           Fazem parte do Setor as experiências de evangelização juvenil existentes na Diocese: Pastorais da Juventude, Movimentos Eclesiais, Novas Comunidades, Congregações Religiosas que trabalham com juventude, Catequese Crismal, Pastoral Vocacional, Pastoral da Educação, Pastoral Familiar e outros segmentos eclesiais envolvidos com evangelização juvenil. Nas dioceses onde há Centros e Institutos de Juventude, estes também podem fazer parte do Setor.

2 - Por que criar um Setor da Juventude na Diocese?

           Em geral, costuma haver hostilidade entre os diversos segmentos de juventude de uma diocese, com resistências e críticas mútuas às atividades realizadas, jeito de evangelizar, organização, espiritualidade... A criação do Setor Juventude pode favorecer o diálogo entre os segmentos, a partir de reuniões conjuntas, reflexões comuns e algumas atividades assumidas coletivamente, em especial os eventos com caráter de massa.
          
           É preciso cuidado para que o Setor não queira substituir a organização própria de cada segmento, nem unificar a metodologia, espiritualidade, história... Cada experiência de evangelização juvenil, mesmo participando do Setor, mantém sua organização e atividades próprias, com a novidade de projetos e eventos assumidos e realizados coletivamente.
          
Inclusive a diversidade é considerada uma riqueza e precisa cada vez mais ser conhecida, acolhida e valorizada.

3– Assim deveriam ser os objetivos do Setor Juventude.

· Ser expressão eclesial e social da diversidade juvenil;
· Fortalecer e ampliar a ação evangelizadora da Igreja;
· Favorecer a integração e o diálogo entre os segmentos juvenis da diocese;
· Propor algumas diretrizes, metas, prioridades e atividades comuns para a evangelização, considerando as necessidades de cada realidade diocesana e as especificidades de cada segmento juvenil.

4 - O Setor Juventude como suporte para a evangelização da juventude na diocese:

           A reflexão sobre o Setor Juventude possibilita que a Igreja Diocesana avalie seu diálogo com os/as jovens, bem como a visão de juventude que tem norteado a ação diocesana. Se as lideranças têm uma visão negativa da juventude, se não acreditam no potencial juvenil é pouco provável que as iniciativas sejam bem sucedidas. Para uma boa ação evangelizadora com a juventude, é fundamental reconhecer que Deus também fala ao mundo e à Igreja através dos jovens. “A evangelização da Igreja precisa mostrar aos jovens a beleza e a sacralidade da sua juventude, o dinamismo que ela comporta, o compromisso que daqui emana, assim como a ameaça do pecado, da tentação do egoísmo, do ter e do poder” (doc. 85, 80). “O jovem é evangelizador privilegiado de outros jovens” (doc. 85, 62) e, por isso, Jesus Cristo deve ser apresentado como aquele que “caminha com o jovem, como caminhava com os discípulos de Emaús, escutando, dialogando e orientando” (doc. 85, 54).

       Segundo o Documento “Evangelização da juventude”, uma das principais atribuições do Setor Juventude é estabelecer algumas linhas pastorais comuns para os diversos segmentos juvenis atuantes na diocese. “Tanto as pastorais como os movimentos, novas comunidades e congregações religiosas precisam se conhecer mutuamente e, juntos, encontrar seu lugar na Pastoral de Conjunto da Igreja local, em comunhão com as orientações específicas do Bispo Diocesano” (doc. 85, 195).

           O Setor Juventude Diocesano, nesta perspectiva, não é uma “superorganização” para promover muitos eventos e atividades, mas a unidade de todas as forças ao redor de algumas metas e prioridades comuns para a evangelização juvenil. Dito isto, cabe distinguir o que é essencial e o que é secundário nas várias experiências de evangelização da juventude. Por essencial entendemos os elementos constitutivos da evangelização, aqueles que caracterizam a vida cristã; secundárias são as opções que caracterizam o segmento e o diferenciam de outras experiências. Na tradição latino-americana pós Medellín, fundamental na evangelização é o seguimento de Jesus Cristo em vista do Reino por ele anunciado. Para a Igreja do Brasil, o que é essencial na evangelização está expresso no objetivo geral das Diretrizes da Ação Evangelizadora (2008-2011):

EVANGELIZAR a partir do encontro com Jesus Cristo, como discípulos missionários, à luz da evangélica opção preferencial pelos pobres, promovendo a dignidade da pessoa, renovando a comunidade, participando da construção de uma sociedade justa e solidária, “para que todos tenham Vida e a tenham em abundância”
(Jo 10,10).

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